– O que você está fazendo aqui?
– Eu apenas estou aqui.
– Aqui não é o seu lugar.
– Eu nasci e moro aqui.
– Mas este é o meu lugar.
– Porquê?
– Porque Deus.
– Eu não conheço este.
– “Este”? Só há um.
– Sim. Mas só conheço o meu. Diz que a minha casa é a sua casa?
– Esta sempre foi a minha casa.
– Nasci aqui, como meu pai, e o pai dele, e o pai do pai do meu pai. Sempre vivemos em sua casa?
– Sim. E agora devem sair.
– Mas para onde iríamos?
– Para outra casa.
– Onde há outras pessoas. Se vamos dividir, dividamos aqui. Aqui me reconheço.
– Não.
– Não podemos negociar?
Longo silêncio.
– Sim, mas com uma condição: tudo que eu propuser, você diz que sim. Tudo o que me disser, direi que não.
De que importa de quem foi o primeiro golpe, se a réplica não é vingança e se aquele que pode interromper o conflito nada faz para que este se encerre.
À distância senhores assistem o forte esmagar o fraco, sem interferir, e se julgam neutros.
Texto: Camilo Fróes
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