Através das minhas raízes paternas, armei-me com musicalidade, e sem esforço consigo atingir o divino com o poder da minha voz. De minha mãe e majestosa criadora, armei-me com sensibilidade e me tornei engenhosa na compreensão da mente humana. Assim, tornei-me camaleoa; nos palcos e na vida, me escondendo e me expondo com disfarces gostosos. Mas andei perdida, vagarosa, procurando incansavelmente as minhas armas de guerra. Fui jogada na batalha Nova Iorquina! Mas o meu pensar flutuante de uma típica aquariana, me trouxe o descuido do esquecimento, e assim, deixei minhas armas em casa.
– “Esta tudo errado!”, eu digo a mim mesma. Achei que tinha feito tudo certinho. Coloquei na mala o que foi mandado: enchi de sonhos, experiência, ambição…
– “Esqueceu do foco!”, lembro-me novamente.
– “Isso! Foco! Mas este eu ando arranjando por aqui.” Coloquei também: baianidade, um sorriso no rosto, um coração partido e muita amargura do passado.
– – “Xi, isso você poderia ter deixado lá!”, pensei, dando-me mais uma cutucada.
– “Agora já foi…mas nada que o tempo não cure.” E na mala também tinha: dinheiro, fome e muita sede de arte.
– “E saciou a sede e fome?”
– “Precisaria de um banquete”
– “Mas aqui você tem que caçar. In New York, ninguém coloca pão e água na mesa de graça.”
– “Mas esqueci minhas armas em casa!”
– “E trouxe o que no lugar delas?”
– “Vaidade”.
Um silêncio inquieto cala a conversa entre eu e eu mesma. Era este o confronto necessário? Como um mosquito irritante zonzonando no ouvido, um pensamento me chega dançando…assim, quase como se não quisesse chegar:
Armas.
KABUM!
Armas.
TATATÁ!
Armas.
Era uma epifania! Para que tanta violência? Havia descoberto que a guerra em que estava não era externa. A batalha legítima era toda dentro de mim. Eu e minha essência. Eu e a verdade. Eu e o espelho.
Não havia esquecido minhas armas, elas só gostavam de se esconder. Se escondiam entre os bobs nos meus cabelos, por trás da sombra preta nos olhos e até mesmo no brilhar do piercing no nariz.
Estava claro: nada do lado de fora era mais importante do que o que havia do lado de dentro; por que só lá, naquele infinito desconhecido, acharia as armas necessárias: amor, integridade, devoção e muita mas muita sede viver!
E assim, olhei-me no espelho pela última vez, e continuei lutando.
Texto: Nabiyah Silva Bashir.
bom demais!
Profundo, real e muita inspiração. Gostei muito da percepção de si mesma. Vá em frente Nabiyah, continue lutando para ir refinando suas armas e espelhar a verdadeira expressão do amor!